QUALQUER SEMELHANÇA COM ANGOLA É MERA COINCIDÊNCIA

A Organização das Nações Unidas (ONU) em Angola, perdão, em Cabo Verde, sublinhou hoje a “maturidade democrática” e o “exemplo dado ao mundo” do país com as eleições presidenciais de domingo, que elegeram o ex-primeiro-ministro José Maria Neves.

“Cabo Verde acaba cumprir mais um ciclo eleitoral, colocando a sua maturidade democrática no mais alto patamar. O povo das Ilhas e a democracia saíram a ganhar pela serenidade demonstrada e por mais este degrau na evolução do Estado de Direito”, escreveu o escritório da ONU em Cabo Verde, em comunicado.

“As Nações Unidas em Cabo Verde, parabenizam o povo cabo-verdiano e a todos os envolvidos, por mais este exemplo dado ao mundo e, por levar o nome do país aos quatro cantos do globo com dignidade e sabedoria”, completou a mesma fonte.

O antigo primeiro-ministro José Maria Neves, apoiado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), actualmente na oposição, venceu no domingo as eleições presidenciais à primeira volta, com 51,5% dos votos, de acordo com dados do apuramento provisório.

O também antigo primeiro-ministro Carlos Veiga, que se candidatou com o apoio do Movimento para a Democracia (MPD), no poder, e da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), obteve 42,6% dos votos e falhou a eleição para Presidente da República pela terceira vez.

José Maria Neves vai suceder a Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o seu segundo e último mandato legalmente previsto como Presidente da República.

No seu discurso de vitória, José Maria Neves assumiu que vai “dialogar com todos”, apelando à união de esforços entre os órgãos de soberania e sociedade civil na recuperação económica do país.

“Trata-se de uma grande vitória do povo de Cabo Verde. Quem ganha numa jornada cívica desta envergadura são as cabo-verdianas e os cabo-verdianos, nas ilhas e na diáspora, que deram um grande exemplo de civismo”, afirmou.

Na mesma intervenção, prometeu ser um “Presidente que une, que cuida e que protege” e “um Presidente de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos”.

Além de Neves e Veiga, as eleições presidenciais contaram com mais cinco candidatos, no total de sete pela primeira vez em Cabo Verde, depois de até agora o máximo ter sido quatro, em 2001 e 2011.

Estas eleições encerram o ciclo eleitoral iniciado em 25 de Outubro de 2020, com as autárquicas, que prosseguiu em 18 Abril passado, com as legislativas, sempre com a aplicação de medidas de protecção sanitária, como a utilização de máscara e desinfecção obrigatória à entrada das assembleias de voto, devido à pandemia de Covid-19.

Estavam inscritos para votar nos 22 círculos eleitorais do país 342.777 eleitores, enquanto os 16 círculos/países no estrangeiro contavam 56.087 eleitores recenseados, totalizando assim 398.864 cabo-verdianos em condição de votar.

Cabo Verde já teve quatro Presidentes da República desde a independência de Portugal em 1975, sendo o primeiro o já falecido Aristides Pereira (1975 – 1991) por eleição indirecta, seguido do também já defunto António Mascarenhas Monteiro (1991 — 2001), o primeiro por eleição directa, em 2001 foi eleito Pedro Pires e 10 anos depois Jorge Carlos Fonseca.

Folha 8 com Lusa
Foto: Elton Monteiro/Lusa

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